Os mistérios de Clara que só os deuses do Olimpo, ops! do STF, podem revelar

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            A advogada Clara Alcântara, num gesto que não é peculiar aos mineiros, deixou a posição de discrição para se aventurar numa empreitada de correção de rumos nos atos de autoridades do Estado do Maranhão.

            Foi ao STF dizer que ela é uma sumidade jurídica quando o assunto é indicação para Tribunais de Contas, que estava a ocorrer compra de vagas para o TCE/MA e que o governador e parentes estavam a usar uma empresa para obter benefícios no Poder Executivo do Estado do Maranhão. Num ato atípico para os casos de ADI, foi recebida de braços abertos pelo STF, bem ao reverso do rechaço que ocorre com pessoas físicas que se alistam como “amigo da corte”.

            Bem, hoje todos já sabem das capacidades de Clara Alcântara. Nada dos conhecimentos superiores que propalou possuir, todavia muito efetiva em brigar contra aposentados e pensionistas que estavam sendo lesados nas fraudes do INSS.

            Já ficou até “famosa”, pois foi convocada para a CPI do INSS, afinal são mais de 11 mil processos nos quais defendeu os descontos ilícitos. Nesse ponto, Clara é quase um Armazém Paraíba investido, “faz sucesso em qualquer lugar”, mas no sentido de “onde tem um aposentado ou pensionista para manter no engano, ela está junto”. O Ministro Barroso, agora aposentado, que se cuide. Clara está atenta e por perto.

            Também ficou “famosa” pela amizade que buscou no STF. A quase todo dia aparece na imprensa nas páginas “quase policiais”.

            E os mistérios da Clara, a oculta? O primeiro é saber quem, no singular ou no plural, alugou a caneta da advogada para ela se expor, para renunciar à mineirice. O segundo, é saber se foi ela que cometeu a fraude no SEI do Estado do Maranhão para extrair um documento para acusar um irmão do governador Carlos Brandão de interferência indevida em processo de pagamento de uma empresa ou se ela foi apenas a receptadora do resultado sujo da fraude.

            É certo que o documento surgiu publicamente pela primeira vez pelas mãos e pela caneta de Clara. Foi ela quem protocolizou o documento fraudado no STF.

            Ponto para uma breve explicação do contexto.

            A advogada Clara Alcantara Botelho Machado, que não se tem conhecimento de nenhum vínculo dela com o Maranhão, apareceu num processo que tramita no STF (ADI 7780) para apresentar denúncias contra o governador do Estado do Maranhão e seus familiares.

            Dentre as denúncias, a advogada tenta vincular a empresa Vigas Engenharia ao irmão do governador, Marcus Brandão.

            O documento que Clara Alcantara usou para acusar Marcus Brandão somente uma pessoa pode ter tido acesso: quem o confeccionou.

            E é aí que a situação adentrar no campo da criminalidade. O documento, conforme apuração da SINFRA (Secretaria de Infraestrutura), da ATI (Agência de Tecnologia de Informação), da Polícia Civil e do Ministério Público, foi produzido criminosamente para tentar vincular o nome de Marcus Brandão a um processo de pagamento.

            As fraudes já estão evidenciadas e denunciadas ao Poder Judiciário, conforme Inquérito Policial nº 0869180-43.2025.8.10.0001 e denúncia já recebida.

            Para além das constatações do processo criminal de que servidores da SINFRA facilitaram a falcatrua, hoje também se sabe eles são meninos malinos vinculados ao PC do B, prestaram serviços para a campanha eleitoral do PC do B/Flávio Dino e pulam carnaval os Comunas, uma espécie de bloco de carnaval dos dinistas.

            O que Clara Alcantara terá de explicar é se não foi ela que criou este documento, como ela teve acesso a ele ou quem foi que o repassou para ela veicular denúncia falsa no STF conta o governador do Estado do Maranhão e seus familiares.

            Uma coisa já é certa. Clara Alcântara ou os sujeitos ocultos tinham pleno conhecimento de que o documento fraudado somente poderia ser utilizado 06 (seis meses) após a criação do usuário falso, pois, pelo sistema do Estado do Maranhão, passados seis meses, são apagadas as portas lógicas de acesso ao sistema.

            Ela peticionou pela primeira vez no STF no dia 25/02/2025 e somente juntou as informações do processo falso numa segunda petição, no dia 16/04/2025, ou seja, exatamente 6 meses e 1 dia da criação do usuário falso, impossibilitando, por qualquer forma, que a porta lógica usada para cometer a fraude pudesse ser encontrada com exatidão, já que teria ultrapassado em 1 dia o histórico de armazenamento, demonstrando, portanto, ter informações privilegiadas, obstaculizando qualquer investigação, e, minimamente, atuando com dolo na utilização fraudulenta do documento.

            Três servidores da SINFRA foram denunciados pelo Ministério Público por facilitarem o cometimento da fraude. Clara Alcântara foi arrolada como testemunha. Perante o Poder Judiciário do Maranhão, se o STF a deixar ser ouvida, Clara terá oportunidade de explicar como obteve acesso ao documento fraudado, se por mão própria ou por meio de terceiros e quem são estes que lhes passaram o documento.

            Uma observação deve ser destacada: O principal detalhe do documento fraudulento utilizado pela advogada Clara é que somente foi usado um dia após não ser mais possível rastrear a origem. Ou seja, se ela produziu a fraude, sabia exatamente o que estava fazendo, ou então, se produzido por terceiros, foi orientada a usar o documento somente quando não mais poderia ser rastreado. Coisa de “profissional”.

            Nessas empreitadas há sempre os “poréns”. O processo “fake” feito em nome de Marcus Brandão durou apenas 6 minutos. A conta nunca foi utilizada para nada, salvo para produzir o “espelho”, o documento, que Clara usou no STF.

            E o porém que deixa até um neurônio incrédulo: qual a necessidade de Marcus Brandão, tido como poderosíssimo no governo (tão poderoso que o STF criou um neonepotismo para proibir que ele ocupe qualquer cargo nos poderes do Estado do Maranhão, uma espécie de Súmula Vinculante 13 do Brandão), criar uma conta, com o próprio nome, para requerer o andamento de um processo e, pior, pedir pagamento de terceiros? Um outro neurônio que estava ali do lado ouvindo distraidamente essa narrativa só conseguiu sorrir, até explodir.

            Seria realmente para morrer de sorrir se essa narrativa não fosse uma concreta cortina de fumaça criminosa para imputação de conduta ilícita, visto que aquele ou aquela que forjou o documento é apenas, como dizer amenamente, uns cretinos estúpidos por imaginarem que alguém acreditaria nessa narrativa burlesca.

            E por que os dois mistérios de Clara somente podem ser revelados pelos supremos do STF? É que quando o Ministério Público do Maranhão tomou a iniciativa de investigar as denúncias de Clara, o STF mandou parar tudo com a alegação que as denúncias da exibida advogada mineira serão apuradas exclusivamente pelos supremos.

            Aqui surge o terceiro mistério de Clara: foi ela que pediu para ser blindada ou foi o STF que a blindou de ofício?

            Clara hoje está blindada pelo STF. Quem queria apurações claras, à luz do dia, hoje tem de se conformar com a obscuridade dos ministérios de Clara que estão sob o domínio exclusivo dos supremos, ou de um dos supremos.

            Clara está presa na narrativa criminosa apresentada ao STF. Quando se libertará?

            Como no Brasil, eu e outros acreditam, ou, pelo menos, é o que está na Constituição, os mistérios de Clara são casos de polícia, é necessário que sejam escrupulosamente investigados e, ao fim, revelados transparentemente, às claras. Para ser redundante, republicanamente devem ser revelados de forma aberta, pública, sem nada a esconder.

            Pelas minhas convicções democráticas e republicanas, há de ser revelados os segredos de Clara, visto que, por estarmos num Estado Democrático de Direito, Hades – o deus do subterrâneo, do oculto, do obscuro, do invisível – não pode guiar um tribunal que a Constituição determina que deve ser o principal guardião dos direitos e garantias constitucionais de acusadores e de acusados. Clara, a acusadora, não pode ficar presa na narrativa criminosa que ela assumiu no lugar dos sujeitos ocultos. Os acusados precisam da verdade.

            Sobre os mistérios da blindada Clara, com a última palavra o STF: Há de ser revelados ou Hades? A confirmar.

            Lógico que o papel-dever do STF de revelar os segredos de Clara é o que sairá (ou não) oficialmente. Eu, que não sou ingênuo, sei a quem interessa (no plural) o aluguel da caneta de Clara e, de outro lado, duvido muito que Clara é que tenha sido a autora da fraude no sistema da SINFRA, pois se tem algo claro nas competências dela é tentar dar forma de licitude a fraudes já praticadas, como são os casos dos 11 mil processos nos quais ela tenta driblar aposentados e pensionistas.

            De minha parte, “Meninos, eu vi!”, e como já vi muito isso aqui pelo Maranhão, essa prática de advogados “estrangeiros” que alugam as suas penas para formular acusações como as da Clara.

            Como mentiras sinceras não me interessam (que me perdoe o Cazuza), que se faça luz sobre os ministérios de Clara, que, no fundo, nem são tão misteriosos assim. Digo mais: STF, para a sociedade, raspas e restos não interessam. Somente a claridade importa.

            A brincadeira de esconde-esconde com o uso de poderes do Estado passou dos limites. Com David Graeber e David Wengrow (O Despertar de tudo: Uma nova história da humanidade, Companhia das Letras), digo que “Em algum ponto, é preciso tirar os brinquedos das crianças” que estão turvando as águas pelas quais as instituições republicanas devem navegar.

            É preciso pôr cobro nisso tudo, pois, depois das constituições modernas, e a nossa Constituição é uma delas, a única razão da existência do Estado é limitar o poder estatal e, na outra ponta, proteger os direitos fundamentais. Que se reprima os abusos.

            O STF não pode se transformar num palco ou palanque político. Que reaja e não dê razão e coro aos que praticam o “contempt of court”.

            E, finalmente, quando se fizer luz sobre os ministérios de Clara (acontecerá STF?), “tirem as crianças da sala”. Tudo é o um horror.

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