TENHO A FÓRMULA CERTA, EXATA, INQUESTIONÁVEL PARA SALVAR O BRASIL
Se todos os escolhidos para cargos públicos forem submetidos previamente à Lava Jato, acabou a crise política
Perdoo-me pelas maiúsculas, pela caixa alta. Em internetês, isso é sinônimo de “gritar”, né? A música de fundo seria aquela do Luan Santana: “Eu tô contando tudo e não tô nem ligando pro que vão dizer…”. Eu só emendaria: “Pensar não é pecado…”.
Sim, eu tenho a fórmula para zerar as crises do Brasil. E vocês verão que tenho razão. A tensão política de tal sorte se reduziria a zero, queridas e queridos, que chegaríamos à óbvia conclusão de que o Congresso é ocioso. Imaginem como seria bom: nunca mais teríamos de ouvir aquela gente estranha, que choca a nossa sensibilidade, a dizer que vota a favor do impeachment em nome da mãe, do pai, do filho, do Espírito Santo…
Opa! Do Espírito Santo? Então vou falar de Rodrigo Janot, o procurador-geral da República, esta figura notável da moralidade nacional a mais rotunda.
O doutor agora anuncia que vai ao Espírito Santo, não o do estado da beatitude meio gasosa, para resolver a crise da PM. Onde estão os nossos especialistas em HQ? Precisamos criar a figura do SJ. Temos de ter o “Super Janot”. Quando a coisa aperta, ele toma um gole do líquido tesouro e sai voando… Só tomem cuidado com a malha do uniforme. Não pode ser muito justa. O doutor está um pouco acima do peso.
E foi Janot, com a sua incrível capacidade de provocar a minha inteligência e aguçar meu pensamento, que lançou o raio, a ideia luminosa.
Dá para zerar a crise política no Brasil. Todas as que estão em curso — a economia, creia, esboça uma recuperação! — se desfariam num piscar de olhos se:
– o presidente da República submeter previamente à Lava Jato o nome da pessoa que pretende indicar ao Supremo;
– o presidente da República submeter previamente à Lava Jato o nome da pessoa que gostaria de ver no Ministério da Justiça;
– o presidente da República submeter previamente à Lava Jato o nome da pessoa que quereria ver na Secretaria-Geral;
– o Supremo submeter previamente à Lava Jato suas sentenças; – enquanto não fecha, o Congresso submeter previamente à Lava Jato as suas votações.
Instituiríamos, assim, o chamado CONTROLE PRÉVIO DE MORALIDADE.
Eu estou certo, é claro.
Observem: em lugar de Alexandre de Moraes, teríamos alguém abençoado por Sergio Moro. Gosto de rituais. Podemos criar um, com figurinos de cavaleiros medievais. Moro se vestiria de Parsival. O homem do Santo Graal. E a cerimônia se daria ao som de Wagner. Posso arranjar as coisas: os meus amigos Leandro Oliveira e Jeffis Carvalho darão uma aula a respeito.
Observem: em lugar de Moreira Franco, teríamos alguém abençoado por Deltan Dallagnol, este vestido de Galaaz, o mais impoluto dos que viram o Cálice Sagrado. Sem música. Só muitos gritos de Aleluia.
Observem: em lugar de Rodrigo Maia, vítima de um armação asquerosa, teríamos alguém indicado por Carlos Fernando. Este, em homenagem à pluralidade do MPF, poderia se vestir de Helena de Cabornek, mulher do grande Lancelote e mãe de Galaaz. Música de fundo: “Assassinaram o camarão/ assim começou a tragédia no fundo do mar”. Originais do Samba. Ao fundo, descerra-se uma grande imagem de Mussum: “Só no forévis”.
Vamos ser claros? Não haveria crise nenhuma no país, nem política, se essas pessoas boas e honestas estivessem no comando do país. Do país inteiro mesmo! E isso implica lhe dar o controle também da economia.
Há uma outra vantagem: como se terá alcançado o máximo da decência, eleição pra quê? Vamos ser claros: a democracia só é tolerável porque a tirania, em sentido virtuoso, se mostrou ineficiente até hoje. Mas isso era antes de Parsival, Galaaz e Helena.
Há outras consequências positivas:
– como o MP estaria no poder, os vazamentos seletivos para a imprensa continuariam, mas só até a completa higienização; depois, chega!;
– também a mania de procuradores passarem recados por meio de jornalistas, fazendo ameaças, caminharia para o fim;
– respirar-se-ia um clima de paz social.
Encerro assim: Bertolucci concedeu uma entrevista a Wagner Carelli, da revista Bravo!, na qual trabalhei, em que disse: “O fascismo começa caçando tarados”. Se não isso literalmente, é esse o sentido.
Com o poder entregue, por merecimento, ao MP, isso nunca mais poderia ser dito. Ou seria forçoso concluir que você é do tipo que gosta de tarados.
Cai o pano!